25 novembro 2008

Culpa do usuário?

Sempre considerei as reportagens da revista veja um atentado ao bom senso. A edição desta semana colocou em sua capa um ator global e seu problema com drogas. Pra variar, a matéria não presta. Por isso, fiquei aliviado ao encontrar este post n'o globo online. Apesar de não ter tantos leitores quanto a referida revista, poderosa aliada das forças retrógradas, é um alento encontrar pessoas com algum equilíbrio, mesmo quando não concordamos integralmente com elas.

04 novembro 2008

Analfabetismo

fonte: O Globo, blog 'Com Vista para o Kremlin'


O filme Central do Brasil, de Walter Salles, arrancou muitos aplausos dos russos neste fim de semana durante o Primeiro Festival de Cinema Brasileiro de Moscou. A grande sala da Biblioteca de Literatura Estrangeira estava apinhada. Superou as expectativas dos organizadores.
(...)
A minha professora de russo esteve em nada menos que seis sessões de cinema. (...) Veio me falar hoje visivelmente impressionada.
- Saí de lá e fiquei pensando naquilo. Não consigo entender: vocês têm tantos analfabetos assim no Brasil? Aquilo me chocou.

- É um país muito grande – respondi no automático.

- A Rússia também é. Não é difícil resolver este problema: basta obrigar os pais a mandar as crianças para a escola. Escolas pequenas com um professor só já resolvem nas localidades menores. Foi assim que os comunistas acabaram com o analfabetismo na Rússia. Se não mandasse os filhos para o colégio, os pais podiam até ser presos. A educação tem que ser uma prioridade – disse ela.

- E por que aquela senhora em vez de ficar escrevendo cartas para o Josué não o ensinou a ler e escrever para ele próprio tirar as suas conclusões sobre o mundo?

A surpresa da professora me fez lembrar as inúmeras vezes que me impressionei exatamente com o oposto na Rússia, onde boa parte das pessoas tem escolaridade completa. A senhora que trabalhava aqui em casa recitava versos de Pushkin. Interpretava a cena política atual à luz dos fatos históricos. Falava de ópera e acompanhava o que acontecia no mundo. Há alguns meses, fui abordada na rua em São Petersburgo por um senhor que, depois de saber que eu era brasileira, começou a fazer perguntas sobre Dom Pedro II. Os russos lêem sem parar. Prova disso é que o país tem o terceiro maior mercado editorial do mundo. Por que será tão impressionante tudo isso? Talvez essa devesse ser a regra. E a professora de russo é que está certa de se chocar com a exceção.


Pois é, e aqui não se lê nem gibi...